Durante grande parte da minha vida profissional, tive uma relação ambígua com o feedback. Em alguns momentos, ele me fortaleceu, me fez crescer, me trouxe clareza. Em outros, foi uma experiência desconfortável, que gerou insegurança e afetou meu emocional. Com o tempo, percebi que o problema não estava no feedback em si, mas na forma como ele era comunicado — e também em como eu o recebia. Hoje, entendo que o feedback construtivo é uma ferramenta essencial não apenas para o desenvolvimento profissional, mas também para o bem-estar emocional.

Feedback é um espelho emocional

Receber feedback é como olhar para um espelho: ele mostra aspectos que talvez eu não tenha percebido sozinho. Às vezes, esse reflexo é positivo, mostrando meus pontos fortes. Outras vezes, evidencia áreas que preciso melhorar. Ambos os lados são importantes. O que faz a diferença é como esse espelho é apresentado. Um feedback que vem com empatia e intenção de apoiar pode ser transformador. Já aquele que vem com dureza, julgamento ou falta de cuidado, machuca.

Tive uma experiência marcante em que um colega, com muito tato, me disse: “Percebi que você está se esforçando, mas talvez esteja assumindo tarefas demais e isso está impactando na sua energia.” Ele não criticou, ele acolheu. E isso fez com que eu ouvisse com abertura e refletisse com carinho.

O poder do reconhecimento

Muitas vezes associamos feedback apenas à correção de erros, mas ele também é uma poderosa ferramenta de reconhecimento. Ouvir um “você fez um ótimo trabalho” ou “admiro sua forma de lidar com os desafios” tem um impacto direto na autoestima e na motivação.

Eu me lembro de uma situação em que, depois de uma entrega importante, minha líder me chamou apenas para dizer o quanto havia percebido meu esforço e dedicação. Aquele reconhecimento sincero me motivou por semanas. Me senti visto, valorizado, pertencente.

Feedback e segurança psicológica

Ambientes onde o feedback é praticado com respeito e constância tendem a ter mais segurança psicológica. Isso significa que as pessoas se sentem à vontade para errar, aprender e compartilhar ideias sem medo de serem ridicularizadas ou punidas.

Quando há espaço para diálogo aberto e honesto, o feedback deixa de ser um momento de tensão e se torna parte do crescimento coletivo. Já trabalhei em lugares onde o silêncio predominava — e nesses contextos, o medo de errar era paralisante. Por outro lado, em equipes com cultura de feedback, percebi mais cooperação, criatividade e leveza.

Como oferecer feedback de forma construtiva

Se você ocupa uma posição de liderança ou simplesmente deseja contribuir para o crescimento do outro, vale lembrar de algumas práticas que me ajudam muito:

1. Escolha o momento certo: Evite dar feedback no calor do momento ou quando a outra pessoa está emocionalmente abalada.
2. Seja específico e respeitoso: Em vez de dizer “você é desorganizado”, prefira “percebi que os prazos dessa tarefa não foram cumpridos, e isso impactou no andamento do projeto. Como posso te apoiar para que isso não se repita?”
3. Equilibre pontos positivos e aspectos a melhorar: Isso ajuda a manter a autoestima e a abertura da outra pessoa.
4. Use exemplos reais e observações, não julgamentos: Falar a partir do que foi visto e sentido evita interpretações injustas.
5. Encerre com acolhimento e incentivo: Mostrar que você acredita na capacidade do outro faz toda a diferença.

Como receber feedback com leveza

Receber feedback também é uma habilidade que pode ser cultivada. Antes, eu costumava reagir na defensiva. Hoje, procuro escutar com curiosidade, separar a crítica da intenção e perguntar a mim mesmo: “O que posso aprender com isso?”

Nem todo feedback é justo ou bem comunicado. Por isso, também é importante desenvolver filtro emocional. Se vier com dureza ou julgamento, busco acolher o que faz sentido e descartar o que não constrói.

O impacto emocional do feedback mal conduzido

Vale lembrar que um feedback mal feito pode gerar efeitos profundos: insegurança, medo, retração. Já tive experiências em que, após uma crítica mal formulada, fiquei dias duvidando da minha capacidade. Isso reforça a importância de termos mais cuidado com a forma como nos comunicamos, principalmente em contextos de trabalho.

Por outro lado, o feedback bem conduzido fortalece vínculos, promove crescimento e aumenta a sensação de pertencimento. Ele pode ser o empurrão que faltava ou o abraço verbal que nos reconecta com nosso propósito.

Conclusão

O feedback construtivo é uma das formas mais poderosas de cuidado e desenvolvimento. Quando feito com empatia, clareza e respeito, ele se transforma em um canal de fortalecimento emocional e profissional.

Seja oferecendo ou recebendo, vale a pena refletir: o que estou construindo com minhas palavras? Estou ajudando o outro a crescer? Estou me permitindo aprender com o olhar do outro?

💬 E você, já teve alguma experiência marcante com feedback? Como ele impactou seu bem-estar? Compartilhe comigo. Vamos construir juntos uma cultura mais empática e fortalecedora.