Aprendendo a receber feedback sem me defender

Por muito tempo, receber feedback era quase como levar uma crítica pessoal. Meu primeiro impulso era me justificar, me defender ou até mesmo me fechar. Mas comecei a observar que, muitas vezes, essa reação vinha do medo de não ser bom o bastante, de ser rejeitado ou de errar.

A virada aconteceu quando compreendi que o feedback não define quem eu sou, mas aponta aspectos do meu comportamento ou de como minhas ações foram percebidas. Ou seja, é sobre algo que pode ser ajustado, e não sobre minha essência.

Comecei a ouvir com mais presença. Respirei antes de responder. Anotei o que fazia sentido, deixei de lado o que não ressoava e, principalmente, agradeci. Isso foi fundamental para tornar o feedback um instrumento de crescimento e não de dor.

O peso das palavras na forma como o feedback é oferecido

Oferecer feedback também exige cuidado. Já estive dos dois lados: o de quem dá e o de quem recebe mal. O tom, a escolha das palavras e até o momento influenciam profundamente como a mensagem será acolhida.

Aprendi que é muito mais eficaz oferecer feedback com empatia, focando no comportamento e não na pessoa. Em vez de dizer “você é desorganizado”, posso dizer “percebi que os prazos têm sido difíceis de cumprir, e isso tem impactado o andamento do projeto. Vamos conversar sobre como podemos melhorar isso juntos?”.

Quando ofereço feedback dessa forma, com acolhimento e abertura, a outra pessoa se sente respeitada e mais disponível para refletir. Isso transforma o ambiente e fortalece os vínculos.

Feedback não é só apontar o que está errado

Outro aprendizado importante foi reconhecer o valor do feedback positivo. Por muito tempo, achava que feedback era só apontar pontos de melhoria. Mas elogiar com intenção e reconhecer os acertos também é uma forma poderosa de nutrir o bem-estar emocional.

Comecei a praticar o hábito de dizer: “Gostei muito da sua postura naquela reunião”, ou “Sua forma de ouvir me fez sentir valorizado”. Essas pequenas observações positivas reforçam comportamentos saudáveis e aumentam a motivação e o sentimento de pertencimento.

Dar e receber feedback construtivo, quando equilibrado com reconhecimento sincero, cria um ambiente mais leve, seguro e produtivo.

Como o feedback impacta a autoestima e a motivação

Na prática, percebi que quando recebo um feedback construtivo e equilibrado, minha autoestima tende a crescer. Isso porque me sinto visto, considerado e encorajado a evoluir.

Por outro lado, já recebi feedbacks mal formulados, duros e genéricos, que me deixaram paralisado ou com vontade de desistir. A forma importa muito. Um mesmo conteúdo, se transmitido com respeito e empatia, pode ser transformador. Sem isso, vira crítica destrutiva e bloqueia qualquer possibilidade de aprendizado.

Entender essa diferença me ajudou a me posicionar melhor: quando percebo que o feedback é mais sobre o outro do que sobre mim, respiro, filtro e não levo para o lado pessoal. Quando percebo que é genuíno, acolho com gratidão.

O feedback como ferramenta de autoconhecimento

Olhando em retrospecto, vejo que os feedbacks mais valiosos que recebi não foram necessariamente os mais agradáveis, mas os mais honestos. Eles me convidaram a olhar para partes de mim que eu evitava ou não percebia.

Com o tempo, passei a me perguntar: “Que tipo de impressão tenho causado? Como minhas atitudes impactam os outros? O que posso ajustar para me tornar alguém mais alinhado com os valores que quero expressar?”

Essas perguntas ampliaram meu autoconhecimento. Hoje, não espero apenas pelo feedback externo. Criei o hábito de me autoavaliar com regularidade e também de pedir retorno com mais naturalidade.

Tornando o feedback parte da cultura do cuidado

Para além do ambiente profissional, comecei a trazer essa escuta também para as relações pessoais. Dizer “quando você fez aquilo, eu me senti assim” ou “gostaria de saber como você se sentiu naquela situação” abriu diálogos importantes e me ajudou a cultivar relações mais conscientes.

O feedback, quando feito com verdade e cuidado, é um presente. É um ato de coragem e conexão. E, quando nos abrimos a ele, também estamos dizendo: “Eu quero crescer. Quero me relacionar melhor. Quero construir pontes em vez de muros.”

Conclusão

O feedback construtivo tem sido um dos maiores aliados do meu crescimento emocional. Aprender a recebê-lo sem me punir e a oferecê-lo com respeito transformou minha forma de me relacionar comigo mesmo e com os outros.

Se você tem medo de feedback, te entendo. Mas convido você a olhar para ele como um espelho — que pode, sim, mostrar sombras, mas também revelar luzes que ainda não víamos.

💬 E você, como tem lidado com o feedback no seu dia a dia? Tem se permitido crescer a partir dele? Compartilhe comigo. Vamos juntos transformar o cuidado em prática.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *