
Quando a comida deixa de ser nutrição e vira anestesia
Na Parte 1, falamos sobre como nossa relação com a comida pode ser atravessada por emoções — ansiedade, culpa, carência, frustração — e como esse vínculo nem sempre é consciente. Agora, quero aprofundar essa conversa explorando formas de construir uma alimentação que respeite tanto o corpo quanto os afetos, sem culpa e sem rigidez.
Lembro de uma paciente que dizia: “Eu não como por fome. Eu como porque estou triste, porque estou cansada, porque estou sozinha.” E ela dizia isso com pesar, como se falasse de um vício. Mas o que ela não via — e que fomos descobrindo juntas — é que aquela comida não era o problema. Era um recurso. Precário, sim, mas um pedido de ajuda.
Comer não é só um ato físico — é emocional também 🍞💭
Comer envolve memórias, símbolos, sensações. É colo, é festa, é pausa, é consolo. Por isso, não faz sentido tratar a alimentação apenas como um cálculo de calorias. Quando ignoramos o aspecto emocional da comida, reforçamos a culpa e o ciclo de descontrole.
Uma alimentação emocionalmente equilibrada não é aquela sem episódios de exagero, mas aquela que inclui escuta, compaixão e intenção. É quando você se pergunta: “o que estou sentindo?” antes de decidir “o que vou comer?”
Sinais de que é hora de rever a relação com a comida ⚠️
Alguns comportamentos podem indicar que a alimentação está servindo mais para regular emoções do que para nutrir o corpo:
- Comer mesmo sem fome ou até se sentir desconfortável
- Sentir culpa frequente após comer
- Usar a comida como distração, alívio ou compensação
- Oscilar entre dietas rígidas e episódios de descontrole
- Perder o prazer ao comer e transformá-lo em conflito
Esses sinais não são motivo de vergonha — são convites para olhar com mais carinho para si mesmo. 💛
Caminhos possíveis para uma relação mais saudável com a comida 🌿
Aqui vão algumas práticas que ajudam a desenvolver uma alimentação mais consciente e afetiva:
- 🧘♀️ Respire antes de comer. Dê uma pausa, mesmo que breve, e perceba seu estado emocional antes da refeição.
- ✍️ Mantenha um diário de emoções e hábitos alimentares. Escreva sem julgamento. Isso ajuda a identificar padrões e gatilhos.
- 🍽️ Coma com presença. Evite telas, distrações. Sinta o sabor, a textura, a temperatura dos alimentos.
- 🎨 Descomplique. Permita-se prazer sem punição. Nem todo alimento precisa ser “funcional”. Às vezes, ele só precisa ser gostoso.
- 🫱 Busque apoio profissional se precisar. Nutricionistas e terapeutas podem ajudar a reorganizar essa relação com mais segurança.
Essas práticas não são fórmulas, mas caminhos de reconexão — com o corpo, com o sentir, com a fome real.
Conclusão: comer com equilíbrio é também se cuidar com afeto 🍲🧡
Quando falamos em alimentação emocionalmente equilibrada, falamos de um jeito mais humano de se alimentar. Sem tanta rigidez, sem culpa, sem perfeição.
O que queremos construir é um vínculo com a comida baseado em cuidado — não em punição. E isso começa com uma escuta mais profunda de si mesmo.
E você, como tem se relacionado com a comida? Que emoções têm te acompanhado à mesa? Se quiser, compartilha comigo. Estou aqui pra ouvir, sem julgamentos. 💬
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