
Durante muito tempo, eu associei produtividade com velocidade. Acreditava que para avançar na vida, eu precisava estar sempre ocupado, sempre correndo, sempre fazendo mais. O silêncio me incomodava, a pausa me dava culpa e o descanso parecia um luxo que eu não podia me permitir. Até que meu corpo, minha mente e minhas emoções começaram a dar sinais claros de esgotamento. Foi nesse ponto que comecei a entender, na prática, que desacelerar não é retroceder. Muito pelo contrário: desacelerar também é avançar.
O mito da velocidade como sucesso
Vivemos em uma cultura que valoriza a pressa. Celebramos quem faz mil coisas ao mesmo tempo, quem responde e-mails à meia-noite, quem não tira férias há anos. Mas raramente nos perguntamos: a que custo? Comigo, o custo foi alto. Crises de ansiedade, insônia, irritabilidade e uma constante sensação de estar atrasado para algo — mesmo quando eu não sabia exatamente o quê.
Foi preciso coragem para ir contra essa corrente. Comecei a questionar: será que correr é mesmo sinônimo de progresso? E se eu estiver correndo na direção errada? Desacelerar foi o primeiro passo para redirecionar minha vida com mais consciência.
Desacelerar para ouvir o que importa
Quando estamos em constante aceleração, perdemos a capacidade de escuta — escuta de nós mesmos, do nosso corpo, das nossas emoções. Foi só ao desacelerar que percebi que muitas das minhas decisões estavam sendo guiadas por medo, comparação e automatismos. Eu não estava realmente escolhendo, apenas reagindo.
A pausa me permitiu silenciar o ruído externo e escutar minha intuição. Comecei a fazer escolhas mais alinhadas com meus valores, com meu ritmo, com o que realmente me fazia bem. E isso mudou tudo. Meu trabalho ficou mais leve, minhas relações mais profundas e meu bem-estar mais estável.
Avanço que se sustenta no tempo
A velocidade pode até gerar resultados rápidos, mas nem sempre sustentáveis. Quantas vezes acelerei projetos, pulei etapas e, no fim, precisei refazer tudo porque não havia construído uma base sólida? Desacelerar me ensinou que qualidade e consistência são mais valiosas que pressa e volume.
Um exemplo claro foi quando decidi reorganizar minha rotina de trabalho. Ao invés de preencher todos os horários com tarefas, comecei a deixar espaços entre uma atividade e outra. No começo, parecia improdutivo. Mas logo percebi que, com pausas, eu rendia mais, criava melhor e me sentia menos cansado.
O descanso como parte do processo
Antes, eu via o descanso como uma pausa da vida. Hoje, entendo que ele é parte dela. O descanso não é ausência de ação, é preparação para uma ação mais consciente e efetiva. Assim como um atleta precisa de tempo de recuperação, nossa mente também precisa de intervalos para processar, integrar e se renovar.
Passei a valorizar momentos simples: uma caminhada sem destino, uma xícara de chá observando o céu, alguns minutos de respiração profunda. Esses pequenos gestos me reconectam com o presente e restauram minha energia.
Desacelerar não é desistir, é escolher com mais clareza
Muitas pessoas me perguntam se, ao desacelerar, eu não perdi oportunidades. Minha resposta é: perdi, sim — mas só aquelas que não combinavam comigo. Ao dizer “não” com mais consciência, abri espaço para dizer “sim” ao que realmente importa.
Desacelerar é um ato de coragem em um mundo que romantiza a pressa. É um ato de resistência amorosa, de cuidado profundo com a própria história. Não é sobre fazer menos, mas sobre fazer melhor, com mais presença e verdade.
Conclusão
Aprender a desacelerar foi, para mim, um dos maiores avanços que já vivi. Não foi fácil, nem rápido. Mas foi transformador. Hoje, sigo em movimento, mas com mais leveza. Sigo realizando, mas com mais sentido. E sigo crescendo — não na velocidade dos outros, mas no meu próprio ritmo.
💬 E você, como tem lidado com a pressa? Que espaço existe na sua rotina para o silêncio, a pausa e o cuidado? Compartilhe comigo. Talvez seja hora de redescobrir que, sim, desacelerar também é avançar.
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