Durante boa parte da minha vida, busquei me encaixar. Tentava agradar, seguir padrões, corresponder às expectativas dos outros. Era como se meu valor estivesse sempre nas mãos de alguém: no olhar do chefe, no comentário do amigo, no julgamento da sociedade. Com o tempo, percebi o quanto essa busca incessante por aceitação me afastava de mim mesmo. Foi então que comecei a refletir sobre o que, de fato, significa ter autovalor e sentir-se pertencente.

O que é autovalor?

Autovalor é a percepção interna de que eu sou digno, suficiente e merecedor de respeito e amor — independentemente do que produzo, conquisto ou represento para os outros. É um sentimento que não depende de curtidas, cargos, títulos ou elogios. É saber, no íntimo, que minha existência já tem valor, simplesmente por ser quem sou.

Durante muito tempo, associei meu valor ao desempenho. Quando algo dava certo, eu me sentia bem comigo. Quando fracassava, a autocrítica me consumia. Aprendi, com o tempo e a terapia, que meu valor não está atrelado a resultados. Ele está na minha essência, na minha história, nas minhas intenções e na minha capacidade de seguir, mesmo diante das falhas.

O desejo humano de pertencimento

Todos nós temos a necessidade de pertencimento. Faz parte da nossa constituição psíquica e emocional. Sentir que somos acolhidos, que temos um lugar, que fazemos parte de algo maior — seja uma família, uma comunidade, um grupo de amigos ou um time de trabalho — é vital para a saúde mental.

Mas quando esse pertencimento está condicionado ao “ser como o outro espera”, algo se rompe dentro de nós. Passamos a camuflar quem somos, a calar o que sentimos, a vestir máscaras que não nos representam. E com isso, surge um vazio: o de não saber mais quem somos de verdade.

A falsa escolha entre ser aceito e ser autêntico

Já me peguei muitas vezes nesse dilema: ou eu era verdadeiro comigo e corria o risco de ser rejeitado, ou me adaptava para ser aceito, mas me perdia no processo. Hoje entendo que o verdadeiro pertencimento só acontece quando posso ser quem sou e ainda assim sentir que tenho espaço.

Quando estou num ambiente onde posso expressar minhas ideias, vulnerabilidades e limites sem medo de ser excluído, experimento um tipo de pertencimento que me fortalece. E isso reforça meu senso de autovalor.

Pequenas práticas para fortalecer o autovalor

Ao longo do meu processo de autoconhecimento, descobri que o autovalor é cultivado, como uma planta. Não nasce pronto, mas cresce com cuidado, atenção e presença. Algumas atitudes me ajudaram muito:

• Reconhecer minhas qualidades sem modéstia forçada
• Lembrar que errar faz parte da jornada humana
• Parar de me comparar com os outros, respeitando meu ritmo e meu caminho
• Escolher ambientes e relações onde posso ser inteiro, e não só uma versão “aceitável” de mim
• Validar meus sentimentos, mesmo quando eles não são compreendidos pelos outros

Esses gestos simples me ajudaram a criar uma base mais sólida de autoestima e pertencimento interno.

Pertencimento começa dentro

Uma das maiores descobertas foi perceber que, antes de buscar pertencimento fora, eu precisava pertencer a mim mesmo. Aceitar minhas imperfeições, minhas contradições, minhas luzes e sombras. Quando passei a me acolher com mais honestidade e compaixão, algo mudou.

Comecei a atrair vínculos mais autênticos, experiências mais verdadeiras e me senti menos dependente da validação externa. O pertencimento externo deixou de ser um lugar de cobrança e passou a ser um espaço de encontro.

Conclusão

Autovalor e pertencimento são dois pilares fundamentais da saúde emocional. Quando nos sentimos valiosos e integrados, somos capazes de enfrentar a vida com mais coragem, leveza e verdade. E isso não acontece de forma mágica, mas sim por meio de um processo contínuo de olhar para dentro, cuidar da nossa história e construir relações que respeitem quem somos.

💬 E você, como tem cultivado seu autovalor? Em quais espaços você se sente verdadeiramente pertencente? Vamos refletir juntos sobre isso e continuar construindo caminhos de mais verdade e aceitação.