
Por muito tempo, repeti comportamentos que, no fundo, me faziam mal. Às vezes, era a procrastinação que sabotava meus próprios sonhos. Outras vezes, eram relações que insistia em manter, mesmo sabendo que me drenavam. Também havia aquela voz interna crítica, sempre pronta para me lembrar de cada erro. Eu não sabia na época, mas tudo isso fazia parte de padrões autodestrutivos que eu carregava sem perceber.
Hoje, entendo que esses padrões não surgem do nada. São mecanismos que, em algum momento da vida, surgiram como forma de proteção. Mas que, ao longo do tempo, passaram a nos limitar. Neste artigo, quero compartilhar como identifiquei esses padrões, como comecei a quebrá-los e o que aprendi nesse processo de autoconhecimento e reconstrução.
O que são padrões autodestrutivos?
Padrões autodestrutivos são comportamentos repetitivos que nos causam sofrimento, mesmo quando temos consciência de que não nos fazem bem. Eles podem se manifestar de várias formas: procrastinação crônica, autossabotagem, relacionamentos tóxicos, compulsões, perfeccionismo paralisante, autojulgamento severo, entre outros.
A dificuldade está no fato de que, muitas vezes, esses padrões são automáticos. A gente se vê agindo de determinada forma sem entender o porquê. Eles funcionam como atalhos mentais e emocionais, moldados por experiências antigas e por crenças internalizadas ao longo da vida.
Como comecei a identificar meus padrões
O primeiro passo foi observar repetições. Percebi que, diante de certos desafios, minha reação era sempre a mesma. Por exemplo, sempre que surgia uma oportunidade que exigia exposição, como palestrar ou liderar algo, eu arrumava uma desculpa para não ir. Dizia que não era o momento, que havia outras prioridades. Mas, no fundo, era medo. Medo de falhar, de ser julgado, de não ser bom o suficiente.
Outro padrão recorrente era me culpar excessivamente por erros pequenos. Um comentário mal colocado ou uma resposta atrasada eram suficientes para me colocar em espiral de autocrítica por dias. Comecei a anotar esses comportamentos e os contextos em que surgiam. Com o tempo, percebi que eles tinham origens emocionais profundas.
Crenças limitantes por trás dos padrões
Descobri que muitos desses comportamentos estavam ligados a crenças que eu nem sabia que carregava. Crenças como:
- “Não sou suficiente”
- “Se eu errar, serei rejeitado”
- “Preciso agradar para ser aceito”
- “Não posso demonstrar fraqueza”
Essas ideias, muitas vezes herdadas na infância ou desenvolvidas por experiências de dor, funcionavam como filtros que distorciam minha percepção de mim mesmo e do mundo. Identificar essas crenças foi fundamental para começar a mudar.
Como comecei a quebrar esses padrões
1. Acolhendo sem julgamento
Antes de tentar mudar qualquer comportamento, aprendi a me acolher. Em vez de me punir por repetir o mesmo erro, comecei a me perguntar: “O que eu estava tentando proteger?” Essa pergunta me ajudou a acessar as emoções por trás das atitudes.
2. Desenvolvendo consciência emocional
Passei a nomear o que sentia. Se era medo, vergonha, frustração, eu anotava. Isso me dava mais clareza e evitava que as emoções me dominassem. Quanto mais eu nomeava, mais eu me sentia capaz de escolher como agir.
3. Criando pequenas rotas alternativas
Ao invés de tentar mudar tudo de uma vez, escolhi um comportamento por vez. No caso da procrastinação, comecei definindo metas pequenas, como 20 minutos de foco, seguidos de pausa. Essa estratégia me ajudou a perceber que eu era capaz de agir, mesmo com medo.
4. Reescrevendo as crenças
Toda vez que a voz interna dizia “você não é suficiente”, eu me lembrava das vezes em que fui. Comecei a construir uma nova narrativa interna, mais realista e compassiva. Isso não eliminou a voz crítica, mas deu espaço para outras vozes mais acolhedoras.
5. Buscando apoio terapêutico
A terapia foi essencial nesse processo. Ter alguém que me ajudasse a enxergar o que eu não via, e que validasse minhas dores e avanços, foi um divisor de águas. Padrões autodestrutivos são difíceis de enfrentar sozinhos porque muitas vezes foram criados justamente no contexto da solidão emocional.
Os desafios e recaídas no caminho
Nem tudo é linear. Ainda hoje me vejo repetindo velhos padrões em momentos de estresse. Mas hoje, ao invés de me afundar na culpa, escolho recomeçar com mais gentileza. Cada vez que identifico um padrão e ajo diferente, mesmo que minimamente, celebro como uma vitória.
Entender que esses padrões foram tentativas de cuidado — ainda que disfuncionais — me ajuda a lidar com eles com mais humanidade.
Conclusão
Identificar e quebrar padrões autodestrutivos é um processo contínuo de autoconhecimento, aceitação e escolha consciente. Não é sobre se tornar perfeito, mas sobre se tornar mais presente para si mesmo.
Se você sente que repete comportamentos que te afastam de quem você quer ser, saiba que isso pode ser transformado. Com paciência, coragem e apoio, é possível construir caminhos mais saudáveis e verdadeiros.
💬 E você, já identificou algum padrão que te impede de crescer? Como tem lidado com isso? Compartilhe comigo. Vamos juntos fortalecer escolhas que nos aproximem da nossa melhor versão.
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