
Durante muitos anos, eu me perguntava se o que eu sentia era “o suficiente” para procurar ajuda. Será que era só uma fase ruim? Será que eu estava exagerando? Demorei para entender que não existe uma dor pequena demais para ser acolhida. E mais: que não é preciso esperar chegar ao limite para procurar um psicólogo ou um psicanalista.
A ilusão de que só se busca ajuda em casos graves
Muita gente ainda acredita que terapia é só para quem está em crise profunda, vivendo um luto intenso ou enfrentando transtornos mentais graves. Claro que a terapia é essencial nesses momentos, mas ela também é valiosa para quem deseja se conhecer melhor, lidar com conflitos internos, melhorar relacionamentos ou desenvolver recursos emocionais para viver com mais leveza.
Foi exatamente isso que percebi quando, mesmo sem uma “grande crise”, decidi iniciar meu processo terapêutico. Havia um incômodo constante, uma sensação de estar sempre no limite, dificuldades recorrentes nos mesmos padrões de relacionamento. E foi na escuta do outro — um terapeuta presente e acolhedor — que comecei a escutar melhor a mim mesmo.
Sinais sutis de que talvez seja hora de procurar ajuda
Nem sempre o sofrimento se apresenta de forma escancarada. Às vezes ele se mostra em pequenos detalhes do cotidiano:
- Irritabilidade constante ou falta de paciência sem motivo aparente
- Dificuldade para dormir ou sono excessivo
- Sensação de vazio, mesmo quando tudo “está indo bem”
- Isolamento social ou dificuldade de se conectar com as pessoas
- Sentimento frequente de inadequação ou culpa
- Baixa autoestima e autocrítica exagerada
- Procrastinação excessiva ou falta de motivação para atividades simples
Se você se identifica com algum desses sinais, talvez seu emocional esteja pedindo atenção. E não há nada de errado com isso. Muito pelo contrário: reconhecer que algo não vai bem é o primeiro passo para a mudança.
Psicólogo e psicanalista: qual a diferença?
Essa é uma dúvida comum. O psicólogo é um profissional com formação em Psicologia, que pode atuar com diferentes abordagens terapêuticas, como a cognitivo-comportamental, humanista, comportamental, entre outras. Já o psicanalista é um profissional que passou por uma formação específica em psicanálise, geralmente longa e profunda, baseada na teoria de Freud e seus desdobramentos.
A psicanálise tem como foco o inconsciente, os afetos, os desejos e a história de vida do sujeito. É um processo que busca compreender as repetições, os sintomas e os conflitos internos a partir da escuta e da associação livre. O psicólogo, por sua vez, pode atuar com técnicas mais estruturadas, dependendo da linha teórica que segue.
Ambos são caminhos válidos e transformadores. O mais importante é sentir-se acolhido, ouvido e respeitado no processo.
O que acontece em uma sessão?
Essa pergunta também me rondava antes de começar. Imaginava que seria como em filmes: alguém deitado num divã, falando sem parar, enquanto o terapeuta fazia anotações silenciosas. Mas a realidade foi diferente.
Na prática, a sessão é um espaço de fala livre, sem julgamento. O terapeuta escuta, pontua, propõe reflexões. Às vezes é mais silencioso, outras vezes mais participativo. Depende do estilo do profissional e do momento do processo. O importante é que você se sinta à vontade para ser quem é, com suas angústias, dúvidas e descobertas.
Quando a terapia começa a fazer efeito?
Não existe um prazo fixo. Comigo, os primeiros efeitos vieram em forma de pequenas percepções: comecei a nomear emoções que antes eram um grande nó. Aos poucos, fui ganhando consciência dos meus padrões, dos meus medos e das minhas defesas. Com o tempo, essa clareza foi se traduzindo em escolhas mais saudáveis.
A terapia não é um caminho linear nem imediato. É um processo. E como todo processo, exige presença, constância e entrega. Mas o que se colhe com o tempo é precioso: mais autonomia, mais verdade, mais paz interna.
Conclusão
Procurar um psicólogo ou um psicanalista não é sinal de fraqueza. É um ato de coragem. É reconhecer que cuidar da saúde emocional é tão importante quanto cuidar do corpo. E é, também, um gesto de amor próprio.
Não espere “piorar” para buscar ajuda. Às vezes, é justamente no início do desconforto que a escuta terapêutica pode evitar que algo pequeno se torne um sofrimento maior. Você merece esse cuidado.
💬 E você, já pensou em procurar um terapeuta? O que te impede? O que te convida? Vamos conversar sobre isso. A escuta certa no momento certo pode mudar muita coisa.
Deixe um comentário