Como cuidar da mente em tempos de crise

Vivenciar uma crise — seja ela pessoal, profissional, financeira ou coletiva — é como andar em meio a uma tempestade. Por vezes, sentimos que perdemos o chão, que o horizonte desaparece e que tudo aquilo que nos dava segurança parece ameaçado. Já enfrentei momentos assim na vida e, se tem algo que aprendi, é que nesses períodos a saúde mental precisa ser prioridade.

Reconhecer que estamos em crise é o primeiro passo

Por muito tempo, tentei fingir que estava tudo bem. Mantinha a rotina no automático, ignorava os sinais de esgotamento e seguia como se fosse possível vencer no cansaço. Mas uma crise, quando negada, costuma se intensificar. Só consegui começar a cuidar da minha mente quando reconheci que estava vulnerável. Aceitar minha fragilidade foi o primeiro passo para me reconstruir.

Reconhecer a crise não é sinônimo de fraqueza. É um gesto de lucidez. É dizer a si mesmo: “estou passando por um momento difícil e preciso me cuidar de outra forma”. Esse simples reconhecimento já muda a forma como lidamos com o sofrimento.

Cuidar da mente é também cuidar do corpo

Em tempos de crise, meu corpo sempre dá sinais: sono desregulado, apetite alterado, tensão muscular, cansaço constante. Aprendi que esses sinais não devem ser ignorados. Eles são um convite ao cuidado.

Passei a cuidar da alimentação, do sono, a fazer caminhadas curtas, mesmo sem vontade. Às vezes, o simples ato de tomar um banho com mais presença ou preparar uma refeição com calma já me ajudava a desacelerar a mente.

Nosso corpo é casa da nossa mente. Quando cuidamos dele, criamos uma base para lidar melhor com as emoções.

Filtrar informações e preservar a energia psíquica

Durante uma crise coletiva, como uma pandemia ou instabilidade social, é comum sermos bombardeados por informações o tempo todo. Isso me deixava ansioso, irritado e até impotente. Percebi que precisava filtrar o que consumia.

Reduzi o tempo nas redes sociais, selecionei fontes confiáveis de informação e estabeleci horários para me atualizar. Preservar minha energia psíquica foi uma decisão consciente. Quando estamos fragilizados, precisamos proteger nosso campo mental da sobrecarga externa.

Criar uma rotina possível traz segurança

Crises costumam bagunçar nossa rotina. E isso nos faz sentir ainda mais perdidos. O que me ajudou muito foi estabelecer pequenos marcos no dia: acordar e dormir em horários semelhantes, manter refeições regulares, reservar momentos de silêncio ou lazer.

Não se trata de ser produtivo ou cumprir uma lista de tarefas, mas de criar um mínimo de previsibilidade. Isso acalma o sistema nervoso e nos ajuda a recuperar a sensação de controle interno.

Falar sobre o que sentimos é essencial

Em momentos difíceis, tendemos a nos isolar. Eu fazia isso. Achava que não queria incomodar os outros ou que ninguém entenderia. Mas, ao compartilhar minhas angústias com pessoas de confiança ou com meu terapeuta, percebi que a dor diminuía. Não porque ela sumia, mas porque eu não precisava carregá-la sozinho.

Falar sobre o que sentimos é uma forma de organizar o caos interno. É dar nome ao que nos aflige. E, ao fazer isso, abrimos espaço para acolhimento, orientação e até novas perspectivas.

Ser gentil consigo mesmo muda tudo

Talvez essa tenha sido a lição mais importante que aprendi. Em tempos de crise, a autocrítica aumenta. Nos cobramos força, produtividade, respostas. Mas o que mais precisamos nesses momentos é de gentileza.

Aprendi a me perguntar: “O que eu diria a um amigo que estivesse passando por isso?” e então comecei a falar comigo com mais carinho. Perdoei meus momentos de falha, abracei meus limites e parei de me comparar com os outros.

Ser gentil consigo mesmo não é ser permissivo. É ser humano. É entender que, mesmo no caos, merecemos cuidado e afeto.

Buscar apoio profissional é um gesto de coragem

Em várias crises que enfrentei, o suporte de um psicólogo foi fundamental. Ter alguém capacitado para me ouvir, me ajudar a ressignificar dores e encontrar caminhos fez toda a diferença.

Se você sente que não consegue lidar sozinho, saiba que buscar ajuda é sinal de força, não de fraqueza. Terapia é um espaço seguro para se reconstruir com apoio.

Conclusão

Cuidar da mente em tempos de crise é um ato de resistência e amor-próprio. Não temos controle sobre tudo o que acontece fora, mas podemos construir abrigo dentro de nós. Com pequenos gestos de cuidado, acolhimento e presença, atravessamos a tempestade com mais solidez.

💬 E você, como tem cuidado da sua mente nos momentos difíceis? Que práticas têm feito diferença na sua vida? Compartilhe comigo. Estamos juntos nesse processo de aprender a cuidar com mais leveza.


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